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Arquitetos: Atelier Kohlmann Lorentz
- Área: 2900 m²
- Ano: 2020
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Fotografias:Marcelo Donadussi
Descrição enviada pela equipe de projeto. Uma oportunidade se apresentou para que desenvolvêssemos o projeto de um edifício de uso misto na cidade de Santa Rosa, localizada no interior do Rio Grande do Sul. Sua paisagem horizontal é marcada por plantações, que dão forma ao limite visível da cidade. Ao longo da última década, um grande número de novos edifícios foram construídos, transformando o perfil da cidade com muitas estruturas estranhas à sua identidade e vida urbana.
O desafio que nos pusemos foi exatamente de desenvolver um projeto que gerasse uma dinâmica positiva para a cidade ao mesmo tempo em que oferecesse um espaço para viver que não fosse simplesmente mensurável em termos de metragem quadrada.
Assim, decidimos utilizar a forma irregular do terreno e o fato de que este possuísse duas frentes livres - voltadas para ruas diferentes - para concentrar a massa do edifício em sua porção norte, criando espaço para uma pequena praça pública na borda sul. A diferença de nível entre as ruas permitiu a criação de dois espaços comerciais na base do edifício, acessados diretamente pela praça e criando um ponto de grande vitalidade. Como resultado, conseguimos romper a continuidade neutra vivenciada ao longo da calçada, predominantemente fechada por cercas e muros. O espaço expandido da praça tem a intenção de se tornar um ponto de encontro espontâneo sob a sombra das árvores nativas, uma sala ao ar livre para a vida urbana.
O acesso residencial é feito a partir da rua oposta, onde também foi criado uma espécie de hall aberto à cidade. Correndo junto à calçada, um painel amadeirado esconde os acessos a áreas técnicas, depósito e garagens, posicionadas nos dois primeiros pavimentos do edifício. Sobre esta base, ergue-se uma torre com doze apartamentos agrupados em pares, cada um voltado para uma das duas frentes do lote. Buscando criar espaços elegantes com uma sensação de liberdade, todos os usos que demandam uma posição fixa foram dispostos junto aos eixos de circulação vertical.
Isso tornou possível a criação de espaços mais amplos e flexíveis para as áreas de estar e dormitórios, cuja distribuição pode ser alterada ao longo do tempo. A estrutura com quatro potentes pilares nas extremidades da torre permite que as janelas sejam amplas sobre as fachadas - por onde as vistas da cidade penetram através dos brises metálicos móveis. Um terraço foi criado no topo do edifício, para que este possa se tornar também uma pequena comunidade, reunida para assistir o sol se pondo atrás de um horizonte de lavouras de soja.